O Canto da Ema/ Pra Onde vai Valente
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Pra onde vai, valente?
Vou pra linha de frente
Tava na feira
C'a pistola e o cravinote
Muleque deu um pinote
Me chamou mode brigá.
Pego no meu punhá
Enfio a faca, o sangue pula
Moleque você não bula
Com Mané do Arraiá.
Veio um sordado
C'um boné arrevirado
Com dois zóio abuticado
Que só cachorro do má.
Botou-me a mão
Home disse, você tá preso
E eu fiquei c'um braço teso
Na cara lhe quis passá.
Pra vadiá
Eu sou caboco bom na briga
Mas só gosto da intriga
Quando encontro especiá.
Dedo do Cão
Moleque bom no gatilho
Se coçou, eu vi o brilho
Atirou pra me pegá.
Ele me atira,
Eu me baixo e a bala passa
E fico achando graça
Do baque que a bala dá.
Pra onde vai valente?
Vou pra linha de frente.
Saracoteia, bate o bumbo e o ganzá
repique sino da aldeia meio-dia vai rezá
Muié se ajoelha pede a Nossa Senhora,
que o home não vá se embora
Senão vem dificultá
Pois a vida ta ficando muito cara
Home agora é coisa rara,
não se pode assim achá.
Só bombom, a mulher e a cachaça
num instante a gente acha não precisa procurá
Pra onde vai valente?
Vou pra linha de frente.
Ói o danado, miseráve Zé de Lima
Tudo chora numa prima pra mode me conquistá
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado.
Poeta fala cansado na pancada do ganzá
Ói o danado miseráve Zé de Lima
Tudo chora numa prima pra mode me conquistá
Abeia ufamo, oi tubibura uzu mirim
É boca de siri membuca, jataí e iripuá
Inda essa noite meu cachorro acuou um bicho
eu levo de capricho minha pistola matá
E Manezinho quando canta, o mundo abala, mas não cai
Mulé qué acha marido filho desconhece pai.
O menino que tá chorando se cala não chora mais.
Manezinho quando canta se ouve com trinta légua
Andam feito cabra cega, mode ouvi o seu cantá.
Tem uma macaca que tava comendo mio
Trouxe pela mão o fio
Me chamou de especiá e eu pra cantá.
Comigo não quero sopa
Pra cantá não mudo a roupa, na embolada eu sou bonzinho
Pra cantadô, quem canta samba não embola
Nunca pegue na viola na frente do Manezinho.
Pra onde vai valente?
Vou pra linha de frente.
Segunda, terça, quarta, quinta, sexta e sábado.
Poeta fala cansado na pancada do ganzá
Eu tenho uma prima que é danada na corneta,
Na afinada clarineta é danada pra tocá
São João Batista, por ser bom telegrafista
Inventô fogo de vista, busca-pé, fogo-do-á
Menino corra, acenda o gás, e bota o cachorro prá trás
E mode a cobra num pegá
A cobra vem, ô morde o pé de fura vento
Ai meu Deus, cadê ungüento
Mode o cachorro pulá
Pra onde vai valente?
Vou pra linha de frente.
Manezinho quando canta, o mundo abala, mas não cai
Mulé qué acha marido filho desconhece pai.
O menino que tá chorando se cala não chora mais.
Manezinho quando canta se ouve com trinta légua
Andam feito cabra cega, mode ouvi o seu cantá.
Tem uma macaca que tava comendo mio
Trouxe pela mão o fio
Me chamou de especiá e eu pra cantá.
Comigo não quero sopa
Pra cantá não mudo a roupa, na embolada eu sou bonzinho
Pra cantadô, quem canta samba não embola
Nunca pegue na viola na frente do Manezinho.
Pra onde vai valente?
Vou pra linha de frente.
Manezinho Araújo
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